No dia internacional da mulher nada melhor do que um post sobre uma das mulheres mais notáveis da história: Anita Garibaldi. Conhecida como heroína de dois mundos, ela mudou o seu destino e mostrou que o lugar das mulheres era onde elas queriam estar. Naquela época as mulheres tinham o mesmo fado: Casar (na maioria das vezes sem amor), ter filhos e viver à sombras de maridos que mais pareciam coronéis.
Anita mostrou que as mulheres podem andar ao lado dos homens em posição de igualdade. Apesar de ter vivido somente até os 28 anos ela deixou um grande legado para todas as mulheres se inspirarem.
Anita
nem sempre se chamou assim. Foi seu grande amor, Giuseppe Garibaldi, que
"atalianou" seu verdadeiro nome, Ana Maria de Jesus Ribeiro. Ela
nasceu na cidade de Laguna, em Santa Catarina em 1821 e sua história já virou
filme, poesia, minissérie e livros.
Vou
contar a história dessa brasileira notável através da viagem que eu fiz até
Laguna. Fiz meus pais viajarem de Florianópolis até lá só para conhecer os
lugares onde ela viveu e onde tudo aconteceu. Sou apaixonada por
história e mais ainda pela história de Anita que é uma mistura de romance e
aventura.
Saímos
de Florianópolis cedo e não demorou até chegarmos em Laguna. Fiquei encantada
com a cidade logo de cara. Suas ruas de pedras ainda conservam um ar antigo. A praia é maravilhosa e deu até para imaginar os encontros de Anita e Garibaldi
na beira da praia (sim, sou muito romântica).
A primeira foto que eu tirei foi em um monumento em sua homenagem.
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| Monumento Anita Garibaldi |
As histórias de Giuseppe e Anita só se cruzaram quando o guerreiro italiano chega ao Brasil para unir-se aos ideais dos farrapos na República Juliana (que nome lindo né <3).
Garibaldi estava sob o comando do General David Canabarro e chegou a Luguna através de um ataque marítimo que deixou centenas de mortos em um conflito sangrento contra a bem armada marinha imperial. Garibaldi descreveu os momentos em que lutou com os farrapos para Alexandre Dumas em suas memórias:
"Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações. Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta."
Apesar das tristezas de uma guerra, foi nela que Anita encontrou sua alma gêmea e mostrou para o mundo a coragem de uma brava guerreira. A jovem menina deixou tudo para seguir Garibaldi, em 1839 em uma expedição militar.
Garibaldi também descreveu esse encontro em suas memórias:
"Entramos, a primeira pessoa que se aproximou era aquela cujo aspecto me tinha feito desembarcar. Era Anita! A mãe dos meus filhos! A companhia de minha vida, na boa e na má fortuna. A mulher cuja coragem desejei tantas vezes, Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse: ' Tu deves ser minha!'. Eu falava pouco português, e articulei as provocantes palavras em italiano. Contudo fui magnético na minha insolência. Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor."
Durante a guerra Anita engravidou de seu primeiro filho, Menotti que em seus primeiros dias de vida já teve conheceu os horrores de uma guerra. Poucos dias após o seu nascimento o General Francisco Pedro do exército imperial comandou um ataque no local em que estavam. Anita teve que fugir a cavalo com seu filho nos braços para salvar a vida de seu filho. No final tudo acabou bem e ela encontrou Garibaldi quatro dias depois.
Em 1841, quando a Revolução parecia não ter fim, Giuseppe pediu permissão para deixar o exército republicano. A Revolução Farroupilha só acabou em 1845, deixando milhares de mães sem seus filhos, mulheres viúvas e sangue derramado pelos campos de batalha.
Nenhum dos lados ganhou. A tão sonhada abolição da escravidão só se tornou realidade 43 anos depois do fim do conflito. Garibaldi e Anita foram morar alguns anos no Uruguai onde legalizaram a sua união e tiveram mais três filhos: Rosa, Teresa e Ricciotti.
Alguns anos depois Anita parte para a Itália com o seu marido para lutar pela unificação italiana.
Foram muitos combates juntos que renderam ao casal o título de heróis de dois mundos por lutarem pela liberdade na América Latina e na Europa.
Em agosto de 1849, durante uma fuga perto de Ravenna, Anita não resiste a uma febre tifoide e morre, grávida de seu quinto filho.
Apesar de ter um final triste sua história transcende a vida deixando um legado de coragem para muitos homens e mulheres.
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| Cena da morte de Anita retratada em um quatro na sua casa em Laguna. |
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| Museu Anita Garibaldi em Laguna |
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| Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos |
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| Igreja Matriz no fundo e no canto direito dá para ver a casa de Anita pintada de amarelo e azul. |
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| Parte de fora da casa de Anita ... Faltou o meu Garibaldi (que na verdade se chama Luiz e não foi na viagem :/ ) "Retrato de Anita" Não é filha de rei, nem mulher de grão-senhor/ Não cintilou de pedrarias/ e não nasceram em castelo/os frutos do seu amor/ é uma filha do povo/ e mulher de espadachim./ Usou vestido singelo/ e cinto de couro cru./ Escandalizou o seu burgo: fugiu com um louro guerreiro/ os pés morenos afoitos/ no peito uma rosa brava./ Não teve filho e castelo/ mas foi mãe de generais./ Não teve reis a seus pés/ mas tem o culto dos povos.Acho que esse poema resume toda a história de vida de Anita! Espero que tenham gostado do post e quero que me contem nos comentários quem é a mulher que mais inspira vocês. Além da Anita a mulher que mais me inspira é minha mãe <3
Beijos e até o próximo post,
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