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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Procura-se Etica no Jornalismo

Olá,                                                                      
                   
O post de hoje vai falar do livro, Procura-se ética no jornalismo, de Eugene Goodwin. O livro mostra comportamentos antiéticos no jornalismo. Como é uma profissão que quebra regras e cria novas. Esse post  fala de uma das questões mais importantes no jornalismo: a ética, que muitas vezes é ignorada pelos jornalistas.                              

                                                                                                                            

O capítulo 5 do livro mostra a relação dos repórteres e suas fontes, uma relação que nem sempre é profissional. O primeiro caso importante de quebra de ética na apuração jornalística mostrada no livro é da repórter do jornal The New York Times Times, Laura Foreman e sua fonte, um líder político. O jornal descobriu que eles tinham um romance e que ele deu a ela um presente de 20 mil dólares, enquanto a repórter cobria a área de política. Existiam indícios de matérias para favorecer a fonte. Houve uma quebra entre relacionamento profissional e relacionamento íntimo como a fonte, que foi além das barreiras profissionais. Já que o relacionamento aconteceu, ela tinha que assumir outra postura e trabalhar em outra área. Sendo assim, ela saiu da redação, mas o “o leite já tinha sido derramado”. Esse é caso grave de ética, mas envolve mais questões, se ela fosse homem será as pessoas agiriam diferente? Na minha opinião sim, acho que seria mais aceitável, mas de qualquer forma, esse caso é uma característica de quebra de ética na apuração jornalística. O segundo caso, é o do repórter do Washington Post, que ganhou o prêmio Pulitzer de reportagem com uma história falsa. A matéria inventada, que fez sucesso, ganhou O prêmio e depois foi desmontada, já que o personagem foi criado. Chama atenção o fato de o jornal ter dado a matéria ser pedir foto ou prova de que a criança, supostamente viciada em drogas, existia. Esse foi o erro do editor, que não questionou. O editor, muitas vezes, é um ouvidor da reportagem, que deve observar os fatos conflitantes para assegurar a credibilidade do seu jornal. O terceiro caso é o do repórter Roger Mudd com a sua amizade com a família Kennedy. Ele era um repórter importante da NBC News e ainda era amigo da família do Senador Kennedy nos anos 60. Frequentava com a mulher a casa dos Kennedy. Mas por armadilhas do destino, ele foi obrigado, no seu programa, a entrevistar o Kennedy e seu encontrou na chamada "sai justa". Seu programa era de grande repercussão e credibilidade. Ao invés de recusar ele fez perguntas que desfavoreceram o Kennedy, ou seja, ele não queria passar para os telespectadores, que sabiam da sua amizade com o Senador, que ele estava fazendo uma entrevista de mentira. O resultado foi que ele perdeu a amizade. Classicamente, o jornalista abdica desse tipo de situação. O quarto caso é o das mulheres repórteres e suas fontes. Aqui os autores alerta para a tendência das fontes querem paquerar as mulheres repórteres. Há um jogo de sedução nesse tipo de relacionamento, fonte e jornalista. Esse foi o caso da repórter Eliane Tait, que sempre soube se livrar desse assédio e fazer com que a fonte perceba que ela está trás, fundamentalmente, da verdade, da informação. Mas daí surgem questionamentos como, em determinadas circunstancias a repórter poderia resistir a isso? O último caso é o do jornalista que adquirir os direitos exclusivos para o seu livro com a sua fonte, que estava doente. Aqui entra outro aspecto. O jornalismo tem uma ambiguidade, ao mesmo tempo é uma prestação de serviços para a sociedade, mas ele também é uma empresa que vende informações, em diversos tipos. Essa outra faceta também pode atrair a atenção do repórter, que nesse caso negociou com a fonte para ser a única representante dos direitos do seu livro. É um caso escabroso na história do jornalismo.
Segundo o autor, existem rituais de sigilo no jornalismo. Expressões como “Off The Records”, são inventadas para que os jornalistas mantenham suas fontes em sigilo. Ela é um acordo estabelecido entre o jornalista e sua fonte, que em muitos casos, não quer ser identificada quando a matéria for publicada. Os repórteres que fazem uso desse tipo de fonte acabam encontrando um jeito de mencionar a informação.  Existem casos que o repórter viola o sigilo e isso pode causar a perda da fonte, que não vai mais confiar naquele repórter e não vai ser mais sua fonte de informações. Existem fontes que podem ser perseguidas se revelarem as coisas, essas devem permanecer no anonimato, sem nomes não devem ser revelados pelo jornalista. Também é o caso de pessoas que trazem credibilidade para a matéria, quando ela revela fatos irrefutáveis que ninguém pode negar, não é preciso revelar seu nome. Assim como pessoas ameaçadas de morte, que morem em um lugar onde a violência é um fator marcante. Nesse caso, todos esses podem estar ocultos. Não há necessidade de revelar a fonte.

A proximidade de relações entre o jornalista e a fonte não dá a garantia de uma matéria independente. Existem jornalistas que entram em crise e que não conseguem separar as fontes das suas relações pessoais. A separação da amizade com as relações profissionais pode ser uma tarefa árdua. Não existe uma barreira que separa esses limites. O ser humano não faz essas distinções na forma de tratar o outro. A amizade ou o amor podem acontecer em qualquer lugar e as pessoas têm dificuldade de escolher as prioridades, como optar pela amizade/amor ou o trabalho? O nosso posicionamento é complexo na atividade jornalística por envolver as inter-relações humanas, de diversos tipos. É uma profissão que tem como matéria-prima as pessoas. Essas relações de proximidade trazem questionamento para os repórteres. O excesso de intimidade com a fonte poder trazer prejuízos para a imprensa, que fica cativa no poder com essas relações. A reportagem é eternamente crítica, como mostrou o autor, o que importa é a verdade ou a realidade que ela está transmitindo. Saber se distanciar é um problema inerente da própria condição do homem. Se o repórter foi influenciado pela fonte, ele perde a sua capacidade de crítica.


Beijos,

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